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A melhor viagem que existe é o aprendizado desde a infância

O baixo nível de qualidade na formação dos estudantes brasileiros tem prejudicado diretamente o desenvolvimento econômico e social do país. É o que aponta o Sistema de Avaliação Básica, SAEB. O resultado serve também para o Governo Federal calcular o IDEB, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica e que revelou o nível de aprendizado dos alunos ao fim de cada etapa do 5º e 9º anos do Ensino Fundamental até chegarem ao 3º ano do Ensino Médio.

A avaliação que é feita de dois em dois anos chama a atenção para os índices de 2017, quando apenas 1,6% dos estudantes brasileiros demonstraram nível de aprendizagem adequado em Língua Portuguesa, sendo que mais de 70 mil instituições de ensino participaram do sistema de avaliação.

Na matemática os resultados não foram diferentes, apenas 4,52% superaram o nível 7 da Escola de Proficiência. Sem contar a baixa participação dos brasileiros em estudos científicos, 63ª posição. E mais uma vez, o país apresentou uma queda acentuada nos resultados divulgados pela última avaliação PISA – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes. Em literatura, só alcançamos a 59ª posição.

De forma isolada, mas muito bem integrada por conteúdos de diferentes disciplinas com foco em servir à cultura e à coletividade, iniciativas de pais preocupados com a educação dos filhos apresentam alternativas inovadoras que favorecem as atividades práticas e estimulam o desenvolvimento científico, desde a infância.

Em São José dos Campos, o Clube Juvenil 14Bis, constituído por pais e educadores, incentiva alunos do ensino fundamental à enxergarem todos os aspectos da realidade para melhor compreendê-la com vista de poder transformá-la em experiências científicas, exercícios matemáticos e atividades mais humanas.

Procurando sempre capacitar e despertar o interesse do estudante em expressar ideias e fundamentá-las com autonomia, esse método de ensino já formou diversos jovens e adolescentes com ótimo rendimento escolar, desde sua criação, em 1979. Voltado exclusivamente para estudantes do sexo masculino e pautado no conhecimento relacionado às ciências exata e humana, no Clube 14 Bis as crianças e adolescentes aproveitam um espaço edificador, essencial à formação de cidadãos conscientes de seus papéis como agentes de transformação.

Para Marcelo Saba, um dos coordenadores do Clube, o desafio é passar alguns valores que fazem toda a diferença: “Nosso projeto tem por propósito transmitir aos garotos e pais a amizade, convivência familiar, valores cristãos e curiosidade pelo estudo científico. Desenvolvemos algo que, em geral, as escolas não fazem como é o caso da disciplina de aprendizado e convivência com as diversidades, pois é esse ambiente que eles irão se deparar no meio profissional.”

Marcelo também destaca as atividades recriadas na “Oficina Maluca” que propõem modelos de como criar réplicas de aviões e foguetes na área aeronáutica, programação para arduino e construção de braços mecânicos na área de robótica para os alunos.

A cidade tem se tornado referência em inovação através de projetos muito bem explorados por jovens alunos de instuições acadêmicas como a Universidade do Vale do Paraíba – Univap, escolas particulares, como o Colégio Iguatemy e organizações sem fins lucrativos, como o Instituto Alpha Lumen, onde conceitos de robótica são direcionados à formação de alunos conscientes aos problemas da cidade.

Fundado pela Física, Astrônoma e Educadora Nuricel Villalonga Aguilera, que há 38 anos atua como professora, coordenadora pedagógica e diretora de escolas para alunos de superdotação, o instituto tem beneficiado estudantes de baixa renda com o programa “Clube dos Sonhos“. Nele, são desenvolvidos projetos como o “Laboratório Cidadão“que forma profissionais comprometidos desde a infância, transformando a obrigação de estudar em estimúlo pelos estudos científicos, tecnológicos e humanos.

Ao atribuir atividades de simulações de robôs e observações astronômicas que favoreçam as crianças no campo de estudos científicos, os alunos do Alpha já foram aprovados nas melhores Universidades Nacionais como o ITA, USP, UNESP, UNIFESP, IME , UNICAMP, entre outras, inclusive internacionais, como Standford, Harvard e MIT.

Nuricel sabe da importância desse modelo como gestão educacional para o Brasil e conta com o apoio de parceiros, empresários, pessoas físicas ou ainda doações coletivas para viabilizar o estudo de jovens que jamais teriam qualquer chance de estudar em uma escola com educação especial de alto nível de habilidades, principalmente para meninas e futuras cientistas brasileiras.

Dessa maneira, vale ressaltar a posição do Instituto Alpha Lumen, que não tonifica essa disparidade de gêneros presente na sociedade, desde a infância. Muito pelo contrário, o modelo de educação transformadora e multiplicadora destinada aos jovens e às crianças são tanto para o sexo feminino, quanto para o masculino. O que, de acordo com pesquisas científicas, estimula o crescimento intelectual de forma igualitária, aprendendo a manusear as mesmas ferramentas com projetos de incentivo na participação de ambos os sexos no mesmo estudo.

A OBMEP – Olimpíada Brasileira de Matemática das escolas públicas que ocorre todos os anos é outro método avaliativo quanto o nível de conhecimento em exatas por alunos da rede pública e privadas. O número de medalhas distribuídas cresceu de 1.100 para 7,491, e a presença de meninas com medalha aumentou mais do que o de meninos, de 2006 a 2017. Dos participantes do sexo masculino, a quantidade de medalhistas cresceu seis vezes, de 875 para 5.401. Entre as meninas, esse crescimento foi de nove vezes, de 235 para 2.090 medalhas em 2017.

Nota-se um avanço, mas ainda há disparidade de gêneros persistente e o jargão potencializa: “Exatas é coisa de menino”.

Nesse propósito de formar grandes profissionais e impactar no projeto de vida de cada aluno a partir da excelência na base educacional. que o trabalho do IAL tem ênfase em disponibilizar seus talentos às atividades de impactos sociais com o auxílio de parceiros como a Fundação Estudar e o Instituto Semear.

Com nome similar, um outro projeto que segue a mesma linha de transformação, desde os primeiros anos de vida e que justamente é parceiro do Clube 14 Bis, é o Centro Cultural Alfa. Trata-se de uma organização da Fasc (Fomento da Assistência Social e Cultural), com o propósito de promover atividades culturais educativas, científicas, cívicas e de assistência social para jovens e adultos, com vistas a melhorar o nível cultural, a qualidade de vida e o trabalho da população.

Assim como o Clube 14 Bis, o ambiente evangeliza disciplina e compromisso com a excelência para que possam agregar valor à sua caminhada escolar, acadêmica e profissional.

O Alfa também oferece residência universitária para acolher jovens de outras cidades que vêm estudar em São José dos Campos, além de incentivar atividades culturais e educativas exclusivamente para meninas entre 10 e 14 anos.

Tais iniciativas representam muito para o Vale do Paraíba, tendo em vista as instalações industriais que marcam presença na região, como o INPE, IEAV, Embraer, Avibrás, entre outras do ramo  aeroespacial.

Esse movimento pode ser considerando um start tecnológico desde a infância, pois antecipa a criação de uma formação sólida para que mais adiante outros projetos dêem continuidade e possam também seguir nessa mesma linha. Tal como o Parque Tecnológico que desde 2005, promove a interação entre universitários e empresas através de pesquisas em inovação com atividades culturais e palestras de especialistas que despertam nos alunos a curiosidade e o interesse pelo saber.

É o que reforça a graduada em Astronomia pela UFRJ, Mestre pelo INPE, doutora pela USP com pós-doutorado no Instituto do Telescópio Espacial Hubble, Duilia de Mello. Conhecida como a Mulher das Estrelas, Duila que em 2016, concedeu uma entrevista exclusiva para a Rede do Jornalismo Colaborativo, leciona Física e Astronomia na Universidade Católica de Washington-DC, EUA: “A ciência não é tão complicada quanto parece. A AME, pretende educar a população sobre a importância para a sociedade das carreiras relacionadas com ciência, tecnologia, engenharia e matemática, além de incentivar a família a apoiar o jovem na busca por essas carreiras, especialmente junto às minorias e excluídos.”

Há 12 anos trabalhando como associada do Goddard Space Flight Center, da NASA, foi a primeira pesquisadora a encontrar estrelas que se formam fora das galáxias. Entre suas principais descobertas estão a Supernova 1997D e as Bolhas Azuis, hoje conhecidas como estrelas órfãs, sem galáxias.

Quando em 2013, foi escolhida como uma das 10 Mulheres que Mudam o Brasil pela Columbia University e ganhou o Prêmio Profissional do Ano Diáspora Brasil, concedido somente para brasileiros que se destacam no exterior, Duilia de Mello reabriu a discussão sobre mulheres na ciência. Para ela, “as instituições científicas, incluindo as dedicadas à astronomia, ainda são dominadas pelos homens. O número de mulheres entrando na carreira tem aumentado, mas o número de mulheres em posição de liderança na ciência ainda é pequeno.”

O governo brasileiro detém recursos consistentes para traçar estratégias efetivas para instituir uma sociedade mais solidária, igualitária e realizar as devidas manutenções nos serviços ao cidadão. Um exemplo que vale destaque é a importância que se dá para o âmbito educacional como um setor carente e que ainda não caminha sozinho no Brasil.

De forma representativa é a base da geração que irá estruturar os profissionais que ocuparão cargos públicos na política, na economia e na sociedade, seja aqui no Brasil ou em qualquer parte do globo.

Sem educação de qualidade deixamos de aproveitar todo no nosso potencial como país, retardando o desenvolvimento dos talentos individuais dos brasileiros que consequentemente sofrem com o desemprego por falta de qualificação.

Além disso, o aumento da pobreza com maior expressividade entre as mulheres e os jovens brasileiros deixa o Brasil estagnado na 79ª posição do Ranking Mundial que mede o Índice de Desenvolvimento Humano. Em último levantamento realizado em 2017, o nosso IDH não passou de 0,755.

Nesse contexto de despreparo da gestão pública ao oferecer serviços educacionais que deixam a desejar, a problemática fica exposta como uma ferida que demora para cicatrizar.

Afinal, o resultado tem impactado na formação do cidadão e na sua qualidade como profissional. Até lá, é importante que a imprensa divulgue projetos coletivos e iniciativas independentes que apresentam soluções para a área da educação.

Por isso, é amplo dever do cidadão tomar a causa para si e seguir mobilizado na criação de projetos como esses com a finalidade de preencher a imensa lacuna deixada pela corrupção e desvio de dinheiro público, realçando a preocupação dos pais com o futuro de seus filhos.


Fonte: Jornalismo Colaborativo

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